A dor de pensar
14/04/2013
Querido Pessoa,
Que dia de agonia vivo hoje! Chove no mundo, chove em mim... Como é incompreensível minha tristeza, se não para o ser. Serei por querer? Minha alma pede melancolia e nostalegia, meu coração a entrega. Sofro por nada saber. Haverá algo mais constragedor? Viver nesta agonia de alma sem fim...
Bem disseste Pessoa, pensar só traz-nos dores que não acolhemos. Sou nada mais do reflexo do que já passou, do que agora passa e do que virá. Sou abragente a um pouco de vós poetas do tempo, serei uma parte de Pessoa, uma parte de Florbela e algo de Camões. Para conhecer-me terei de alcancar-vos assim.
O tempo, no entanto, é adverso a tais sofrimentos e rouba nossos preciosos momentos. A poesia é a chave de tal nostalegia do tempo, que decalca um pouco do nosso ser e da nossa alma. Só através dela poderei, enfim, me conhecer.
De que temo então? De mim mesma, do meu assombroso ser. Só tenho alma... E minha alma é um mar de saudade e melancolia. Saudade de um passado distante... Passado esse que jamais existiu e existirá!
O que quero então? Mudar o que não pode ser mudado... O tempo! Florbela morreu de tristeza, o mundo não a acolheu. Nunca algum dia achou-se compreendia. Tanto.. Que achou a poesia sua desgraça, e não a sua alegria. A vida foi-lhe madrasta! Os seus sonhos desfizeram-se. Mas foi uma mulher de coragem, viveu á amar e morreu amando.
Intentifico-me também neste "frágil" ser, por ser eu também um sonhadora e apaixonada de coração. Olho o mundo sem nada compreender, sou incompreendida por ele e ele é incompreendido por mim. Pessoa, meu amigo a vida não a desprezo. Apenas procuro alcançar um meio de a viver, sem nada constatar.
Narrar minha história, esperar que no fim dela aja o tão esperado encontro: a aparição! Por isso Amigo Pessoa deixo-me guiar pelo sonho, e espero que me leve até meu ser encontrar.
Da tua eterna desconhecidada,
Sara Jesus